Marcelo Sola: Do brutalismo urbano à vertigem do olhar
Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo
April 1–June 4, 2023


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Marcelo Solá nasceu em 1971 em Goiânia, onde vive e mantém seu ateliê. Sua produção artística surge da observação, da assimilação e do ato de execução através de seu próprio traço existente como expoente primeiro do desenho. Sua linguagem artística é composta por um grande arquivo de símbolos e figuras a oscilar entre o figurativo e o abstrato. Muitas vezes esses atributos se impõem simplesmente como caracteres soltos sobre um fundo de cores elementares, que o próprio artista laconicamente utiliza com imensa leveza e fluidez. Outras vezes essa mesma simbologia atinge a borda do papel — único suporte utilizado pelo artista —, como em uma tentativa de expansão além das fronteiras preestabelecidas. Algumas formas e seres são recorrentes, e sua existência remete a pictogramas a nos guiar e conduzir não somente no contexto pictórico, mas também em nossa vivência nos centros urbanos, na arquitetura e nos espaços públicos dos quais o artista relata ter parte de suas referências. Justamente o espaço urbano do entorno da Biblioteca Mário de Andrade é uma grande referência para Marcelo Solá em suas vindas a São Paulo. A biblioteca, um de seus refúgios acolhedores prediletos nessas ocasiões, se torna para ele um oásis em contraponto com a realidade do lado de fora dominada pelo brutalismo urbano da região.

A mostra Do brutalismo urbano à vertigem do olhar de Marcelo Solá, elaborada para a Biblioteca Mário de Andrade, acontece depois de uma pesquisa realizada na hemeroteca dessa instituição à busca de sua herança arquitetônica — exatamente dois anos antes da celebração de seu centenário. Nesse contexto, a instituição não somente fomenta a produção, o intercâmbio e a assimilação da cultura como também cria um espaço único de difusão da produção atual e histórica no âmbito da literatura entrelaçada com artes plásticas em diálogo com seu acervo. E assim Marcelo Solá se depara com fotografias da construção da Biblioteca Mário de Andrade, além de seus desenhos técnicos. A fotografia original é trabalhada tornandose gráfica, dando vasão ao desenho, pois esse material é transformado em retícula a ser impresso em serigrafia — e dessa forma a biblioteca passa a ser redesenhada.

Este é o ponto de partida para que a imagem saia literalmente do papel para fluir sobre a parede, criando consequentemente o desenho expandido na forma de intervenção espacial. A pintura sempre foi sua linguagem artística recorrente do desenho, seu gesto originário. Esse universo se aproxima de grafias milenares transcodificadas em narrativa visual, a qual com certa frequência vem acompanhada de escritas compostas por palavras ou frases soltas de Marcelo Solá, recorrentes tanto em seus cadernos de anotação quanto nas pinturas de grande escala. Ele incansavelmente demarca o território com seu traço impregnado de experimentos, ensaios e inserções lúdicas imersos em um cromatismo contrastante como aqui do azul sobre o vermelho. O visitante experimenta uma sensação única e díspare ao abandonar o espaço urbano e inserirse nesta experiência sensorial guiado pela vertigem do olhar em um universo pictórico antagônico e perceptível. Apesar de ser parte vital de seu cotidiano, Marcelo Solá relata que desenhar é um mistério a amadurecer no ato do fazer e nos convida para essa experiência desvairada.


Biblioteca Mário de Andrade
R. da Consolação, 94 São Paulo, SP
Exhibition period: April 1–June 4, 2023