Francisco de Almeida: O vulcão de meu peito explodiu
Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo
April 1–June 4, 2023


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Francisco de Almeida nasceu em Crateús, sertão árido do Ceará, em 1962. Vive e trabalha em Fortaleza, onde, depois de ter se dedicado a estudos de diversas expressões artísticas, optou pela xilogravura. Inspirado pelas memórias de seu pai, ourives e fotógrafo, sua mãe, bordadeira e costureira, e sua avó, rendeira, e movido por vontade de transcender limites e tentar o novo, Francisco de Almeida acabou por criar diversas técnicas que possibilitaram a execução das xilogravuras expandidas, ou apenas gigantes, como alguns preferem chamar. Muitas de suas obras são tidas como altares por enaltecerem o divino, outras são vistas como surreais, ao mesmo tempo que misturam a realidade e a ilusão em uma palheta de cores oscilante entre vibrantes e contidas — frutos da inquietude desse herdeiro da literatura do cordel, manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira divulgada no interior nordestino principalmente entre 1930 e 1960 —, as quais criam mundos que ele diz viver em seus sonhos.

A exposição O vulcão de meu peito explodiu, concebida para o Espaço Tula Pilar Ferreira da Biblioteca Mário de Andrade, é a primeira mostra individual do artista em São Paulo e traz um conjunto de sete obras inéditas idealizadas para esse local, apresentadas como uma instalação suspensa em diálogo não somente com a arquitetura monumental da galeria, mas também com o entorno do espaço externo, dando leveza à sua representatividade de elementos sacrais e profanos, tendo janelas e jardim da instituição ao fundo como complemento pictórico. As demais obras selecionadas para essa mostra transpõem ao público uma imersão não somente na produção artística de um dos maiores expoentes da arte contemporânea do Ceará, mas também em narrativa e escrita singulares, as quais extrapolam o formato original do cordel e se materializam em suas pinturas que enfatizam características e elementos da cultura popular, transpondo-os para a arte contemporânea. Tanto a técnica da xilogravura quanto a materialidadede sua impressão sobre o papel acompanhadas pela própria escrita são características intrínsecas do trabalho de Francisco de Almeida e do acervo preservado e difundido no cotidiano da Biblioteca Mário de Andrade. E para o artista este é um marco muito importante em sua carreira: “Eu agradeço por estar colocando meus trabalhos nas paredes da Biblioteca Mário de Andrade, lugar ícone da literatura brasileira, tão relevante em minha vida. Ainda bem que meu nome não é José, é Francisco. ‘E agora, José?/ [...] José, para onde?’ Porque Carlos Drummond de Andrade, autor desse poema, foi um grande inspirador de minha alma, sonhadora e emocionada, emocionante. Eu lembro desse poema cantado na minha infância. Tanto nos meus momentos de alegria quanto nos momentos sem saída da minha vida eu me lembro muito desse poema: ‘E agora, José?/ [...] José, para onde?’”.

Por essa relevância, as obras selecionadas para essa exposição abrangem de forma rara inúmeras camadas de dedicação e submissão ao ato de criar. Para o artista, esse processo se inicia na paixão pelo colecionismo ao juntar, criar e preservar memórias, reflexões e materialidade. Suas inúmeras matrizes são testemunhas desse processo de acumulação e criação. Além da habilidade de execução por ele assumida, nota-se sua fidelidade exímia a seu universo de procedência, o qual demarcou literalmente em sua vida os traços a seguir. E são justamente esses traços que levam à criação de matrizes e consequentemente de imagens que representam o potencial de sua produção regionalista como marco essencial de sua identidade. Traços do Brasil profundo estão aqui em evidência latente representados por uma linguagem visual e escrita ampla e inclusiva.


Biblioteca Mário de Andrade
R. da Consolação, 94 São Paulo, SP
Exhibition period: April 1–June 4, 2023